Minha História e como entrei na indústria de cruzeiros

Meu nome é Daniel Silva, nascido no interior de Rolante, numa localidade chamada Morro Grande, dividia um humilde lar com mais quatro irmãos e meus pais. Filho de pais agricultores que desde cedo me ensinaram o valor do trabalho e sempre nos incentivaram aos estudos. Minha relação com meu pai sempre foi muito rígida e isso me ensinou que tudo na vida precisa de sacrifícios, mas foi minha mãe que sempre me ajudou no tema de casa, assim como meus irmãos mais velhos. Conclui meus estudos com muito esforço pois ainda estudando no final do fundamental tinha que trabalhar na roça de manhã e estudar a noite, no segundo grau muitas foram as vezes que dormi sobre os livros sonhando com o dia que poderia realizar meus sonhos.

Lembro que foi em uma manhã de sábado ensolarada que saí com meu tio e meus primos para vender uvas no centro da cidade, ali foi quando percebi que vender era bem mais lucrativo do que produzir; cheguei a trabalhar em fabricas de calçado, nas esteiras e depois em um supermercado, mas quando fiz um estágio no correio que me apaixonei pela liberdade. Depois disso apliquei para um concurso dos e consegui uma vaga nos correios de Taquara onde trabalhei em chuva e sol, frio e calor, por cinco longos anos; Na época tinha estabilidade e carreira a seguir  mas ainda não me sentia completo. Foi então que inspirado pela história de um amigo de adolescência, da mesma cidade, que já estava trabalhando embarcado em navios de cruzeiro que decidi me mudar para Gramado e tentar algo diferente, essa foi uma difícil porém necessária escolha; tinha perdido alguns amigos no caminho, grandes amigos, acidentes eram constantes naqueles dias. Cometi alguns erros que me fizeram refletir sobre a vida.

Recomeçar nem chegava a ser uma escolha, era totalmente necessário pro que eu havia sonhado, dei as costas e saí de lá.

Depois de imprimir alguns currículos em uma lan house comprei uma passagem de citral e fui até Gramado, na época tinha apenas R$300 reais no bolso que consegui emprestado,(pois é, longa história) e consegui uma vaga em uma pensão atrás da rodoviária de Gramado, onde então encontrei um amigo que aceitou dividir o aluguel comigo.

Meu primeiro trabalho foi de Garçom no Nonno Mio, pensa num desastrado até aprender a equilibrar a bandeja, não tinha experiencia alguma, trabalhei lá por cinco anos e foi onde me profissionalizei. Sou eternamente grato ao Pedro e ao Mário Andreis, ao Marquinhos (meu primeiro maitre), assim como á todos da cozinha e da equipe do salão. Foi ali que consegui iniciar meus estudos de inglês e já viajava pelo mundo na imaginação, compartilhando ideias com os clientes.

Até então eu estava me preparando para seguir o sonho de embarcar em navios, primeiro tinha que me profissionalizar enquanto aprendia inglês, tomar todos os cuidados necessários com a saúde e tentar espantar velhos hábitos destrutivos.

 Segui então este caminho por mais alguns anos, durante este período de aprendizado recebi um presente dos céus, um pedaço de mim.

Chegava ao mundo a minha versão melhorada, minha filha Heloísa, que a princípio não planejada, porém muito amada, nascia em uma manhã de setembro de 2003 sob uma nevezinha tímida através da janela no hospital São Miguel; Foi um dia lindo e inesquecível. Com a chegada da minha filha, a minha vontade de mudar de vida só aumento, porém algo também me perseguia, pois se eu fosse viajar naquele momento eu perderia toda a sua infância, então casamos e eu me acomodei por mais 5 anos, foi quando voltei a praticar esportes e matei de vez velhos hábitos.

Estava leve e feliz, no topo do Brasil, em Gramado, ganhando bem e vivendo bem, porém eu ainda não me sentia completo.

Eu precisava dar um jeito de ir viajar pelo mundo.

Mudei de emprego, virei maitre em um hotel alemão maravilhoso, o Ritta Hoppner, comecei a estudar meu plano de viagem, e com o coração um pouco partido, decidi sair do Rio Grande, pelo menos por um tempo. Precisava de novas experiencias, de vida nova.

Dois longos anos se passaram longe da família e dos amigos, meu pai faleceu e meu coração partiu de vez.

Tive que me reconstruir sem saber se aquilo realmente daria certo.

Longe de tudo e de todos fiquei por opção seis meses sozinho, aprendendo caminhos novos e mais uma vez o esporte me salvou.

Voltei pra casa, sem nada de novo, em 2013 e resolvi que era hora de ir, o mundo me esperava mas, não pra sempre.

Mudei então o rumo da minha vida e comecei a trabalhar como guia turístico, não demorou muito, para o treinamento dar resultado, persistência e a mãe da disciplina, já dizia alguém que não lembro o nome.

 Foi então, depois de muito aprendizado, estudo,  dedicação, e muitas portas na cara, que me inscrevi em uma agência de recrutamento de Novo Hamburgo que nem existe mais, e depois de todo o processo de seleção, iniciei minha carreira na Princess Cruises, como assistente de garçom em outubro de 2015 no Havaí.